Procura por livros voltou a crescer no Brasil após a crise histórica no setor livreiro que viu seu faturamento em queda após os fechamentos das livrarias, seja em shoppings ou livrarias de rua, por conta da pandemia do novo coronavírus, a COVID-19.
Segundo a consultoria Nielsen e o Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel) apontavam um recuo de 48% no mercado, na comparação com o mesmo mês de 2019, ou seja, 1,3 milhão a menos de livros vendidos, representando uma arrecadação de R$ 65 milhões (contra R$ 125 milhões no mesmo período do ano anterior). Uma crise sem precedentes havia chegado e o mercado livreiro se viu sem condições de manter as livrarias abertas.
No entanto, o levantamento mais recente de Nielsen e Snel, divulgado nesta semana, mostra que, entre 18 de maio e 14 de junho, o setor livreiro teve um faturamento de R$ 109 milhões no país, apurou a reportagem da gauchazh:
“Ainda há registro de queda, na comparação com o mesmo mês do ano passado, mas trata-se de um recuo bem menor: o total arrecadado com as vendas diminuiu 3,16%. A quantidade de livros comercializados foi 5% menor do que o registrado no mesmo período em 2019, porém, 32% maior do que a quantidade vendida no mês anterior.”
A queda se deu pelo fato da Livraria Saraiva que vinha sofrendo recuperação judicial e, em pleno fechamento dos comércios a pedido do comitê de contingência do COVID19, a gigante não conseguiu manter as portas abertas e encerrou as atividades, entregando as unidades instaladas nos Shoppings. O número de vendas no setor, contribuiu para a queda no setor. Em uma matéria da revista Exame, me trouxe um alerta. Nela dizia:
“Quando for seguro sair de casa novamente, não vamos encontrar mais algumas lojas da Saraiva espalhadas por shoppings de São Paulo, Brasília, Belo Horizonte, Canoas e São Caetano. Enfrentando a pior crise de sua história, que vem de antes mas foi agravada pela pandemia, a rede, que está em recuperação judicial, está fechando pelo menos 7 livrarias – mas esse número pode chegar a 19 num futuro próximo.”
Mesmo confinados, foi possível sentir uma leve alta puxada por estratégias que incluem o relançamento de clássicos, os boxes e, sobretudo, os e-books que segundo a PublishNews, 10 boxes ficaram entre os 20 livros mais vendidos no país, tais como os romances de Jane Austen, Sherlock Holmes, Lewis Carroll e Edgar Allan Poe, além da trilogia O Senhor dos Anéis e da coleção Harry Potter.
Na lista dos mais vendidos, segundo a Publishews, os clássicos tornaram uma opção para o público durante o isolamento social: 1984, de George Orwell (Companhia das Letras), e A Peste, de Albert Camus (Record), chegaram a figurar no ranking de mais vendidos. Já os saldões, anunciados por diversos selos em março e abril (as editoras 34, Todavia e Autêntica, por exemplo), mostraram-se um recurso pontual para fisgar leitores.
Segundo a Bookwire, uma das principais distribuidoras de livros digitais do Brasil, estima ter vendido mais e-books durante a pandemia do que em todo o ano de 2019 – que já havia sido seu melhor ano, com um incremento de 57% no volume de vendas, na comparação com 2018, que segundo Ismael Borges, gestor da Nilsen afirmou em nota:
“o pior já pode ter passado.”
Resta a nós, leitores e consumidores, retornar às livrarias e assim contribuir com o aumento das vendas no setor de livros, bem como está sendo feito nos demais setores que sofreu queda.
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É autor do livro Bodas de Papel publicado pela Editora Rouxinol, e a convite da Lura Editorial foi curador das antologias O Canto dos Contos e Contos de Natal. Neste ano de 2019, assumiu a organização da antologia O Canto dos Contos – primavera e a nova antologia Contos de Natal.