Prisma: Uma jornada de autodescoberta e superação

Em Prismas, publicado pela Editora Patuá, a autora Victoria Schechter nos convida a mergulhar na complexa e emocionante história de Isabel Leone, uma cantora e professora de música cega de nascença. A narrativa, entrelaçada com reflexões profundas e memórias vívidas, nos leva a acompanhar a jornada de Isabel em busca de autoafirmação, autonomia e um lugar autêntico no mundo.

Em primeiro lugar, a obra se destaca por sua estrutura única, utilizando a metáfora do caleidoscópio para representar a fragmentação das memórias de Isabel. Por meio de flashbacks e saltos no tempo, somos transportados para diferentes momentos da vida da protagonista, desde sua infância turbulenta no interior de São Paulo até sua vida adulta vibrante na capital paulista.

Um dos pontos fortes do livro é a exploração das nuances da experiência da mulher com deficiência. Victoria nos convida a refletir sobre os estereótipos e preconceitos que cercam a deficiência, especialmente no contexto da sexualidade e da maternidade. Isabel, em sua jornada, luta contra a invisibilidade imposta pela sociedade e busca construir sua própria identidade, livre dos rótulos e expectativas externas.

“A babá me perguntou: ‘Mas menina, como é que você tem medo do escuro se você não enxerga?’ Eu me calei. Ela estava errada. Não era medo do escuro, era medo do vazio, do nada, solidão, medo de acordar no centro do labirinto, tatear ao redor e não encontrar o fio que me conduz.” 

Prismas

 

Primordialmente a música, elemento central da vida de Isabel, permeia toda a narrativa, servindo como um fio condutor que conecta as diferentes etapas de sua história. Através das melodias e letras das músicas que tanto ama, Isabel encontra força, inspiração e um canal para expressar seus sentimentos mais íntimos.

Em suma, Prismas é um livro que nos convida a repensar nossa visão sobre a deficiência, a sexualidade feminina e o poder da autodeterminação. A jornada de Isabel é inspiradora e comovente, nos lembrando da importância de celebrarmos a diversidade e lutarmos por um mundo mais justo e inclusivo.

“A sua boca entre as minhas pernas naquela noite. Ninguém nunca tinha feito isso antes também. Eu nunca tinha dado um gemido real de prazer como dei naquela noite. Não sabia que era possível me sentir daquela maneira: mulher inteira, bonita por mim mesma.”

Recomendo a leitura para leitores que apreciam histórias intensas e emocionantes, para aqueles que se interessam por temas como deficiência, sexualidade, maternidade e empoderamento feminino, definitivamente, para todos que buscam uma leitura reflexiva e transformadora.

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Prismas

 Isabel Leone, uma cantora e professora de música cega de nascença, tem sua vida estável, bem-sucedida e autônoma na capital paulista de repente estremecida quando descobre uma gravidez indesejada.

Dentre a profusão de suas memórias, pontuadas sempre com as músicas que povoam seus pensamentos e atravessadas por questões ligadas ao olhar e ao corpo da mulher com deficiência, destaca-se a infância rica na família de cafeicultores decadentes do interior de São Paulo, o isolamento causado pela família que, por ter nascido cega, a vê como a maçã podre da árvore, a descoberta de um pertencimento por meio da música e as primeiras experiências amorosas, sexuais e de seu próprio corpo.

Aqui se desnudam algumas realidades da experiência do corpo feminino com deficiência, sempre visto como estéril, isolado do desejo em uma sociedade sexista e capacitista, e, a um só tempo, apresenta-se um recorte do nosso olhar comum – e de onde ele falha.

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