O livreiro de Cabul”, escrito pela jornalista norueguesa Åsne Seierstad, publicado pela Editora Record, é um livro intenso, doloroso, indigesto, porém, necessário para nossa cultura contemporânea, principalmente após o retorno do Talibã ao poder.

Åsne Seierstad foi enviada para Cabul na primavera de 2002, para cobrir a guerra dos soldados ocidentais contra o regime do Talibã. Lá ela conheceu o afegão Sultan Khan um livreiro que provocou boas impressões na jornalista, por conta de sua postura culta e de pensamento liberal, algo raro no Afeganistão.

Sua paixão pelos livros, onde os vende e mantém seu sustento,  levou Sultan Khan a ser preso e torturado pelos talibãs e seus livros foram queimados, por conter informação que não condiz com a tradição afegã.

Todavia, Sultan espera poder montar um belo acervo sobre a história do Afeganistão e a partir de seus volumes, transformar-se em uma Biblioteca Nacional. Esse é seu sonho. Essa é sua luta.

Através dos relatos impressionantes da jornalista que viveu por três meses coletando informações da cultura afegã, o livro surpreende pelo realismo que a obra apresenta: a riqueza de informações é abundante. Desde a beleza do casamento afegão à extrema pobreza da população e toda sua cultura conservadora é retratada com maestria no livro.

 “No Afeganistão, mulher apaixonada é tabu. É proibido pelos conceitos de honra rigorosos do clã e pelos mulãs. Mulheres jovens são, antes de mais nada, um objeto de troca e venda.

A cultura e a sociedade afegã, impacta quem não conhece de fato o que passa na sociedade opressora e recém-saída do Talibã, quando a jornalista vivenciou os temores da população, que na obra, escrita em 2002, era supervisionada pelos Estados Unidos.

Quando o Talibã assumiu o poder em Cabul, em setembro de 1996, dezesseis decretos transmitidos pela Rádio Sharia. Uma nova era estava começando:

  1. É proibido às mulheres andar descobertas;
  2. Proibição contra a música;
  3. É proibido barbear-se;
  4. Oração obrigatória;
  5. É proibido criar pombos e promover rinhas de aves;
  6. Erradicação das drogas e de seus usuários;
  7. É proibido soltar pipas;
  8. É proibido reproduzir imagens;
  9. Estão rigorosamente proibidos jogos de azar;
  10. É proibido usar corte de cabelo no estilo americano ou inglês;
  11. São proibidos empréstimos a juros, taxas de câmbio e de transações;
  12. É proibido lavar roupa à margem dos rios;
  13. Música e dança são proibidas em festa de casamento;
  14. É proibido tocar tambor;
  15. É proibido a alfaiates costurar roupas femininas ou tirar medidas das mulheres;
  16. É proibida a prática de bruxaria.

Com intuito de ressaltar a data, o Talibã retornou ao poder em 2021, após o presidente americano John Biden autorizar a retirada dos soldados estado-unidenses, por se tratar que o Afeganistão estava em condições de ser guiado pelos líderes afegãos.

Mas não foi isso que ocorreu. O Talibã tomou a capital do Afeganistão e todas as conquistas que a população conquistou, principalmente as mulheres, tais como o direito ao voto, frequentar escolas, comercializar produtos importados, foi barrado. O que o mundo assistiu através do jornalismo, foi um retrocesso sem precedentes que mudaria a história do Afeganistão para sempre.

Allahu akbar – Deus é grande.

O livreiro de Cabul” é um livro que incomoda por sua realidade nos fatos apresentados, porém, preciso ao apresentar a cultura de uma sociedade opressora recém-saída do regime Talibã.

Livro altamente recomendado!

O livreiro de Cabul”, escrito pela jornalista norueguesa Åsne Seierstad, publicado pela Editora Record, está em promoção na Amazon:

O livreiro de Cabul

Campeão nas listas de mais vendidos em todo o mundo, traduzido para quarenta países, O livreiro de Cabul foi considerado pela crítica um dos melhores livros de reportagem sobre a vida afegã depois da queda do Talibã.

Após conviver três meses com o livreiro Sultan Khan, em Cabul, a jornalista norueguesa Åsne Seierstad compôs este retrato das contradições extremas e da riqueza daquele país.

Por mais de vinte anos, Sultan Khan enfrentou as autoridades para prover livros aos moradores de Cabul, e assistiu aos soldados talibãs queimarem pilhas e pilhas de livros nas ruas.

Por meio de uma narrativa envolvente, Åsne Seierstad dá voz à família Khan, apresentando ao leitor uma coleção de personagens comoventes que reflete as contradições do Afeganistão.

Durante sabatina realizada pela Folha de São Paulo e pelo UOL, a escritora e jornalista norueguesa Åsne Seierstad falou da relação dela com o principal personagem de O Livreiro de Cabul e os desdobramentos sobre sua escrita no best-seller, publicado pela Editora Record.

Confira o vídeo:

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