A Companhia das Letras comprou nesta semana a clássica Editora Zahar, tornando-se uma gigante do mercado editorial no qual é adminstrado pela multinacional, Penguin Random House, o segundo maior conglomerado editorial do mundo.

No comunicado em que confirma a compra, Markus Dohle, CEO internacional da Penguin Random House diz que é um privilégio ter a empresa que dirige sido escolhida para continuar o legado da Zahar. “Como em todas as nossas aquisições, abraçamos essa responsabilidade com o comprometimento de preservar a independência editorial da casa e seus editores, construindo com base na rica história da Zahar o melhor futuro para a empresa”.

O comunicado enviado à imprensa ressalta que, além das afinidades editoriais e comerciais das duas casas, elas compartilham a mesma visão sobre a vitalidade e a perenidade do livro. “Nos últimos tempos, embora a Companhia tenha crescido e decidido ampliar a comunidade de leitores com os quais falamos, a vocação de ser em essência uma editora de catálogo, de livros de longa duração, só foi aumentando. E é em cada um desses títulos, que querem sobreviver ao tempo, que a imagem de Jorge Zahar está espelhada e mantida”, diz.

Fundada em 1957, a Zahar é pioneira na publicação de livros de ciências humanas e sociais no Brasil e responsável pela formação de várias gerações de universitários e intelectuais brasileiros. Em 2017, a editora completa 60 anos compartilhando conhecimento através de um vasto catálogo que conta com publicações que vão desde obras de interesse geral a clássicos da literatura passando por biografias, divulgação científica, psicanálise, ciências sociais e muito mais.

Entre seus autores estão nomes internacionais como Zygmunt Bauman, Jacques Lacan, Manuel Castells, Elisabeth Roudinesco, Leonard Mlodinow, Ian Stewart, Anthony Browne, Jacques-Alain Miller, Stefan Zweig, Sigmund Freud, Thomas Mann, Gilles Deleuze, Howard Becker, J.D. Nasio. E nomes nacionais como Gilberto Velho, Flávia Lins e Silva, Rodrigo Lacerda, Marco Antonio Coutinho Jorge, Danilo Marcondes, Gustavo Franco, Luiz Alfredo Garcia-Roza, Antonio Quinet, Ilona Szabó, Daniel Aarão Reis, entre outros.

Nos últimos anos, novas coleções e nichos de publicação foram desenvolvidos, com destaque para a coleção Clássicos Zahar, que pode ser encontrada em edições comentadas ou em edições bolso de luxo e que traz o melhor da literatura clássica mundial.

E em 2013, foi lançado o selo infantojuvenil, Pequena Zahar, que reitera o compromisso com a diversidade de leituras e leitores, dos pequenos aos jovens apostando na valorização dos livros de qualidade com uma linguagem viva e moderna. O selo cobre os mais diversos temas e gêneros – do álbum ilustrado a obras de conhecimento.

Com a chegada da Zahar, o Grupo Companhia das Letras passa a ter 17 selos editoriais: Companhia das Letras, Objetiva, Zahar, Alfaguara, Suma, Paralela, Penguin-Companhia, Companhia de Bolso, Portfolio-Penguin, Fontanar, Companhia de Mesa, Quadrinhos na Companhia, Seguinte, Companhia das Letrinhas, Pequena Zahar, Claro Enigma e Boa Companhia. 

Basta saber se a identidade visual da Zahar desenvolida ao longo dos anos será mantida ou a será modificada pela Cia das Letras. Veremos.

Conheça alguns dos clássicos da Zahar que será adminstrado pelo grupo Cia das Letras:

Um misterioso forasteiro chega à pacata cidade de Iping. Ninguém sabe seu nome, nem de onde vem ou a razão de estar sempre coberto da cabeça aos pés – com chamativos óculos escuros e bandagens envolvendo toda a cabeça sob um chapéu de abas caídas. Além disso, ele trouxe um verdadeiro laboratório portátil. O suspense cresce quando crimes começam a acontecer e quando se descobre que o homem é invisível! Um dos maiores clássicos da ficção científica, sucesso desde a publicação em 1897, O Homem Invisível é uma engenhosa e divertida combinação de humor e imaginação fantástica, e também uma bela reflexão sobre solidão, incompreensão e os laços entre o indivíduo e a humanidade.

Habitualmente retratada como simples aventura infantil, a história do adolescente rebelde que luta pelo amor da princesa e pela lâmpada mágica mostra-se aqui muito mais rica e complexa.

Esta nova versão, organizada pelo estudioso Paulo Lemos Horta e traduzida para o português a partir da aclamada versão inglesa de Yasmine Seale, recupera detalhes, sutilezas e a força narrativa do original. Podemos ouvir a voz feminina e única de Sherazade hipnotizando o Sultão que ameaça matá-la quando a história acabar – mantendo-o assim à espera do episódio seguinte, tal como nós. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.

Pela Ópera de Paris circulam bailarinas, cantores, funcionários… e rumores. Após uma sequência de acontecimentos estranhos e funestos, a nova direção da casa passa a levar a sério o que até ali julgara impossível: um fantasma assombra o teatro.

Criatura mutilada e de passado enigmático, arquiteto de trotes e tragédias, o Fantasma da Ópera habita os labirínticos porões da construção e usa sua voz, suas lições e seu poder para seduzir a cantora Christine Daaé. Mas, quando ela rompe o pacto implícito entre eles, é arrastada para o subterrâneo – numa espiral de mistério, horror e música.

 O Fantasma da Ópera mescla um triângulo amoroso com um thriller repleto de intrigas e inspirações diabólicas. Ingredientes que, quase duzentos anos após a publicação do livro, seriam recombinados no musical de maior sucesso da Broadway, em cartaz desde 1986.

A versão clássica, escrita por Madame de Beaumont em 1756, vem embalando gerações e inspirou quase todos os filmes, peças, composições e adaptações que hoje conhecemos. A versão original, que Madame de Villeneuve publicara em 1740, é de uma riqueza espantosa, que entre outras coisas traz as histórias pregressas da Fera e da Bela e dá voz ao monstro para que ele mesmo narre seu destino. Toda em cores e ilustrada, essa edição conta com ótima tradução do premiado André Telles, uma apresentação reveladora e instigante assinada por Rodrigo Lacerda e cronologia das autoras. A versão impressa apresenta ainda capa dura e acabamento de luxo.

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Daniel Moraes

Daniel Moraes

Fundador do Portal Irmãos Livreiros

Escritor, editor, jornalista, comunicólogo e bookaholic assumido, criou do portal Irmãos Livreiros onde mantém atualizado com as novidades do mercado editorial.

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