Neste final de semana a partir de 04/10 à 06 de outubro, São Paulo terá festa de rua dedicada à literatura.

Com mais de 150 atividades gratuitas realizadas entre os dias 4 e 6 de outubro, o Festival Mário de Andrade – A Virada do Livro, toma conta de onze pontos da cidade, como a Biblioteca Mário de Andrade e a Praça das Artes.

O festival literário promove a ocupação cultural da cidade em um grande encontro inspirado na cultura do livro, reunindo autores, editores, leitores, bibliotecários, livreiros, coletivos e públicos de todas as idades e de todo o Brasil.

O grande destaque do que vai rolar na festa, é o lançamento do livro “Prólogo, Ato, Epílogo”, autobiografia da esplêndida Fernanda Montenegro, no Theatro Municipal.

Ambos os locais são parte do eixo principal do evento, chamado de Corredor do Livro. Esse trajeto passa pela Rua Coronel Xavier de Toledo e pelo Theatro Municipal.

 

Às vésperas de completar 90 anos, a atriz Fernanda Montenegro, que acaba de lançar sua autobiografia e foi chamada na segunda, 23, de “sórdida” e “mentirosa” pelo diretor da Funarte Roberto Alvim, é uma das atrações principais do Festival Mário de Andrade. Ela sobe ao palco do Teatro Municipal no domingo, 6, para uma conversa sobre sua trajetória com a jornalista Marta Góes.

O escritor moçambicano Mia Couto também participa da Virada do Livro. Ela fala na Praça das Artes na sexta, 4, e no domingo ele participa de bate-papo com o escritor Milton Hatoum, cronista do Estado, no Centro Cultural Tendal da Lapa. Milton Hatoum, antes disso, conversa com a escritora portuguesa Isabela Figueiredo, autora de Caderno de Memórias Coloniais.
Outro destaque é a conversa entre Zamaswazi Dlamini e Sahm Venter, responsável pela reunião da correspondência do seu avô , Nelson Mandela.

O Sesc São Paulo não vai ficar de fora do Festival Mário de Andrade e apresenta uma programação paralela especial na unidade 24 de Maio e no Centro de Pesquisa e Formação, os dois localizados ali no centro.
Entre os destaques, a Feira de Publicações das Edições e Selo Sesc, com livros, CDs e DVDs; bate-papos sobre conservação de acervos e cultura negra e contações de histórias, além do bate-papo com a jornalista “Patrícia Palumbo” do livro “Vozes do Brasil“, cuja resenha está disponível clicando aqui.

 

Além disso, duas apresentações da Orquestra Modesta; a coreografia “Mar: Uma Dança com o Vento“, de Marina Guzzo; e o show com contação de causos do violeiro Levi Ramiro fazem parte da programação.

Já no dia 6, o espetáculo “Goitá”, reúne a companhia de dança Cisne Negro e a companhia de teatro de bonecos Pia Fraus.

“Temos uma programação ao gosto de Mário de Andrade: multicultural, multidisciplinar e que percorre o Brasil da Amazônia ao Rio Grande do Sul. E os artistas também fazem um percurso Brasil, Portugal e África”, explica Joselia Aguiar, diretora da Biblioteca Mário de Andrade. Anunciado durante a Festa Literária Internacional de Paraty, o Festival Mário de Andrade foi organizado em três meses e Joselia diz acreditar que ele tem “muito protencial de crescer”.

A ideia é que o público ocupe as ruas do Centro, no caminho entre a Biblioteca Mário de Andrade, onde serão realizadas as oficinas e os debates mais intimistas, o Theatro Municipal, que recebe Fernanda Montenegro, e a Praça das Artes e Praça Dom José Gaspar, palco das programação mais “acalorada”. Haverá, ainda, saraus e performances de rua. E programação na periferia.

Para Joselia Aguiar, no entanto, o mais importante do Festival Mário de Andrade é o Corredor Literário. “A feira de livros é o coração do festival. Serão 100 tendas com 79 expositores”, ela conta. Participam editoras grandes ou independentes, bancas, coletivos e até eventos culturais. Houve um edital de chamamento para a seleção de interessados em participar do evento.

Conheça alguns dos livros que serão destaques na Virada do Livro:

Vozes do Brasil apresenta uma coletânea de entrevistas realizadas pela jornalista Patricia Palumbo. Seu recorte temático se equipara ao do programa radiofônico da autora e dá voz aos representantes da MPB contemporânea que flertam com o pop, mas abre também espaço para artistas de outras frentes que estiveram ou estão afinados a estilos e movimentos fundamentais para o enriquecimento da música brasileira, como a bossa nova, o samba e a tropicália.

Entre os 33 entrevistados, Elza Soares, Jards Macalé, Cássia Eller, Luiz Melodia e Rita Lee.

Em Prólogo, ato, epílogo, Fernanda Montenegro narra suas memórias numa prosa afetiva, cheia de inteligência e sensibilidade. Com sua voz inconfundível, ela coloca no papel a saga de seus antepassados lavradores portugueses, do lado paterno, e pastores sardos, do lado materno. Lidas hoje, são histórias que podem “parecer um folhetim. Ou uma tragédia” ― gêneros que a atriz domina com maestria.

Na turma de jovens que circulavam pela rádio estava Fernando Torres, que ela reencontrou nos ensaios da peça Alegres canções na montanha, quando começaram a namorar. Fernando largou a Panair, Fernanda largou a Berlitz, e o casal se entregou de corpo e alma à arte, paixão de uma vida. Constituíram uma família e realizaram juntos um sem-número de peças, ao lado dos principais nomes do teatro brasileiro.

Em páginas de grande emoção, ela relembra os desafios de criar os filhos sobrevivendo como artistas; a busca permanente pela qualidade; a persistência combativa durante os anos de chumbo; a capacidade de constante reinvenção; o padecimento de Fernando; o inesperado sucesso internacional nos anos 1990; a crença na terra que acolheu seus antepassados imigrantes e a devoção por esse país.

Fernanda encarna o melhor do Brasil. Não surpreende que alguém que passou a vida memorizando textos tenha desenvolvido notável capacidade de rememorar com sutileza fatos ocorridos décadas atrás. A atriz que há anos encanta multidões em palcos e telas pelo mundo agora se mostra uma contadora de histórias de mão-cheia.

Mulheres de cinzas é um romance histórico sobre a época em que o sul de Moçambique era governado por Ngungunyane (ou Gungunhane, como ficou conhecido pelos portugueses), o último dos líderes do Estado de Gaza – segundo maior império no continente comandado por um africano.

Em fins do século XIX, o sargento português Germano de Melo foi enviado ao vilarejo de Nkokolani para a batalha contra o imperador que ameaçava o domínio colonial. Ali o militar encontra Imani, uma garota de quinze anos que aprendeu a língua dos europeus e será sua intérprete. Ela pertence à tribo dos VaChopi, uma das poucas que ousou se opor à invasão de Ngungunyane. Mas, enquanto um de seus irmãos lutava pela Coroa de Portugal, o outro se unia ao exército dos guerreiros do imperador africano. O envolvimento entre Germano e Imani passa a ser cada vez maior, malgrado todas as diferenças entre seus mundos. Porém, ela sabe que num país assombrado pela guerra dos homens, a única saída para uma mulher é passar despercebida, como se fosse feita de sombras ou de cinzas.

Ao unir sua prosa lírica característica a uma extensa pesquisa histórica, Mia Couto construiu um romance belo e vívido, narrado alternadamente entre a voz da jovem africana e as cartas escritas pelo sargento português. 

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Daniel Moraes

Daniel Moraes

Fundador do Portal Irmãos Livreiros

Escritor, editor, jornalista, comunicólogo e bookaholic assumido, criou do portal Irmãos Livreiros onde mantém atualizado com as novidades do mercado editorial.