A travessia de Greta James: uma leitura sensível e necessária, que nos ensina que, mesmo em meio ao luto, a vida pode ser uma bela travessia de autodescoberta e amor

Em A travessia de Greta James, Jennifer E. Smith nos leva a uma jornada emocional profunda, publicada pela Editora Arqueiro. O livro é uma história de luto, fama e amor, onde uma estrela da música em crise se reaproxima do pai, Conrad, em um cruzeiro pelo Alasca.

A trama nos apresenta Greta James, uma cantora de sucesso que, após uma ascensão meteórica, vê sua vida desmoronar após a súbita morte de sua mãe, Helen, e um colapso no palco que viraliza na internet.

Greta, cuja carreira sempre teve o apoio incondicional da mãe, enfrenta a humilhação pública e a dor da perda, enquanto a relação distante com o pai, Conrad, que nunca apoiou sua carreira, se torna ainda mais tensa.

O livro explora a complexidade desse relacionamento, como no momento em que Greta se lembra da última vez que viu o pai, aonde é ilustrado na dor e o desejo de reconexão entre pai e filha, um dos principais temas da obra:

“Não tem notícias dele desde o enterro, quando fugiu da recepção e o encontrou no antigo quarto dela, passando a mão pelo seu primeiro violão, o que o pai dela tinha lhe comprado tantos anos antes. Eles não se viam havia muito tempo, quase dois anos, e Greta nunca imaginara que ele iria ao funeral. Enquanto via as mãos escuras acompanharem a cura do instrumento, movendo-se lentamente pelo mogno, ela sentiu arrepios nos braços. Era quase como se ele estivesse tocando nela.” 

Na tentativa de fugir, Greta relutantemente aceita acompanhar Conrad em um cruzeiro. A viagem, no entanto, se torna uma jornada de autodescoberta para ambos, especialmente com a chegada de Ben Wilder, um historiador que também está lidando com suas próprias perdas. Enquanto Greta procura recuperar a autoconfiança e Ben enfrenta seu futuro incerto, eles encontram apoio um no outro para compreender as escolhas difíceis da vida. O livro aborda o luto com uma sensibilidade tocante, mostrando as diferentes formas como as pessoas lidam com a perda.

Para mim, isso foi o ponto mais alto do livro, pois me identifiquei profundamente com a dor de Greta. Eu perdi meu grande amor, meu marido Anderson Aleixo, no dia 10 de julho de 2024, e a dor da perda é latente e dolorida. A forma como a autora explora o tema do luto com delicadeza e realismo é, portanto, o grande trunfo desta obra.

A obra aborda o amor, a perda e a busca pela identidade, com uma profundidade que nos toca em diversos níveis. É um livro que nos emociona, nos faz sorrir e nos leva a questionar nossas próprias escolhas e arrependimentos. O contraste entre a dor da perda e a beleza da vida é constante, como no trecho em que Greta se lembra da morte de sua mãe:

“A mãe de Greta morreu exatamente 24 minutos antes de o avião tocar na pista de pouso. Depois de ouvir um recado de Asher na caixa-postal, ela ficou sentada com a cabeça encostada no vidro gelado da janela, o coração se fechando como um punho, até um comissário de bordo tocar gentilmente seu ombro e ela se dar conta de que era a última pessoa no avião.”

A música também é um elemento central na trama, atuando como um refúgio para os personagens e para o leitor:

“Um momento depois, a música recomeça, mais lenta agora, mais assombrosa, e todo mundo explode em gritos com os acordes de abertura de ‘Astronomia’, que antes fora uma música sobre esperança, depois sobre dor, mas, no fundo, sempre foi sobre amor, sempre.”

A travessia de Greta James

A travessia de Greta James não apenas conta uma história, mas nos convida a sentir e a refletir sobre as complexidades da vida. A autora consegue criar personagens com os quais nos identificamos, e como ela aborda o luto de maneira tão genuína e realista é algo que me tocou profundamente.

Este livro é indicado para leitores em busca de uma história emocionante, pois, a narrativa é repleta de momentos de ternura, tristeza e esperança, bem como para fãs de romances com temas profundos, afinal, o livro vai além do amor romântico, explorando as relações familiares e a superação de traumas.

Recomendo também para pessoas que buscam conforto em histórias sobre luto, pois, a abordagem sensível e realista da autora pode ser um abraço para quem está passando por um momento difícil.

Vale a pena ler A travessia de Greta James porque é uma obra que nos lembra da importância de enfrentar a dor, de nos reconectar com aqueles que amamos e de encontrar esperança mesmo nas situações mais difíceis. Publicado pela Editora Arqueiro, o livro é uma leitura sensível e necessária, que nos ensina que, mesmo em meio ao luto, a vida pode ser uma bela travessia de autodescoberta e amor.

LEIA TAMBÉM ESTA MATÉRIA:

A travessia de Greta James, está disponível na Amazon e nas principais livrarias do país.

A travessia de Greta James

Greta James teve uma ascensão meteórica como cantora, mas não foi um caminho fácil. Antes da fama e dos shows com ingressos esgotados, ela passou a adolescência tocando violão na garagem.

Sua primeira fã foi a mãe, Helen, cujo rosto brilhava em meio ao público dos bares onde ela começou a se apresentar. Mas nem todos a encorajaram a ir em busca de seus sonhos: seu pai, Conrad, não via futuro naquela carreira.

Greta sempre tentou provar que ele estava errado em suas previsões, mas, três meses após a súbita morte da mãe e a poucas semanas de lançar seu aguardado segundo álbum, ela desmorona no palco e o vídeo viraliza. Na tentativa de escapar da humilhação, ela aceita, relutante, acompanhar Conrad em um cruzeiro até o Alasca.

Esta acabará sendo uma viagem de descoberta para pai e filha – assim como para Ben Wilder, um historiador que também sofreu um grande baque na vida. Ben está no cruzeiro para fazer uma palestra sobre o livro O chamado selvagem, de Jack London, que Helen adorava.

Enquanto Greta procura recuperar a autoconfiança e Ben enfrenta seu futuro incerto, eles se apoiam um no outro para compreender as escolhas difíceis da vida.

Ouça uma prévia do livro A travessia de Greta James, na versão americana, The Unsinkable Greta James, um Romance de Jennifer E. Smith, disponível no Google Play Livros:

ANTES DE IR, NÃO DEIXE DE LER ESTA RESENHA:

Comentários

Europa Central

Europa Central

Em “Europa Central”, a doutora em história Janaína Martins Cordeiro nos entrega uma obra essencial, publicada pela Editora Contexto, que preenche uma lacuna fundamental na nossa compreensão da história europeia.

Verity

Verity

Verity, de Colleen Hoover, é um suspense psicológico que se desvia do estilo romântico que consagrou a autora, mergulhando em um enredo perturbador e avassalador.

Frankie

Frankie

Em ‘Frankie’, os autores alemães, Maxim Leo e Jochen Gutsch nos presenteiam com uma obra singular, que transita com maestria entre o humor e a tragédia, a solidão e a amizade.

O rio que me corta por dentro

O rio que me corta por dentro

‘O rio que me corta por dentro’ de Raul Damasceno, publicado pela Astral Cultural, é um romance tocante e profundo, que mergulha nas águas da saudade e da descoberta, revelando as cicatrizes e as esperanças de personagens inesquecíveis em um sertão que também pulsa vida.

Daniel Moraes

Daniel Moraes

Fundador do Portal Irmãos Livreiros

Escritor, editor, jornalista, comunicólogo e bookaholic assumido, criou do portal Irmãos Livreiros onde mantém atualizado com as novidades do mercado editorial.

Rebeldes têm asas

Rebeldes têm asas

Rebeldes têm asas: eles ignoraram as regras e fizeram da Reserva uma das marcas mais inovadoras do mundo segundo a Fast CompanyEm Rebeldes...

Zona Desconforto

Zona Desconforto

Zona desconforto: transforme desafios em oportunidades de crescimentoEm um mundo onde o medo da mudança frequentemente nos paralisa, Zona...

Italianos no mundo

Italianos no mundo

Italianos no Mundo: uma nação emigrante por meio de uma análise histórica e profunda da maior emigração da história mundialEm Italianos no...