“O menino que sobreviveu”, escrito por Rhiannon Navin, publicado pela Editora Leya, é um livro que trata de uma das qualidades mais belas da humanidade, através do improvável: o poder da empatia no momento mais doloroso de nossas vidas, o luto.
Narrado em primeira pessoa na voz de Zach, um garoto de 6 anos que após sofrer um atentado na escola onde estuda, juntamente com seu irmão mais velho, Andy, de 10 anos, ele ouve — mal vê — por conta das frestas do armário que sua professora o escondeu com os demais colegas de classe.
A angústia em ouvir os gritos desesperados das crianças que estudam na mesma escola, mesclado com o som dos tiros que pôs fim à vida de muitos alunos que estudavam naquele horário, é tangível, por conta da narrativa de Zach. Andy, seu irmão mais velho, não teve a mesma sorte do irmão — isso não é spoiler —, e isso abre a narrativa da delicada obra de Rhiannon Navin.
Desde o momento em que os pais de Zach, chegaram à escola e aos próximos acontecimentos que antecedem o velório coletivo e postreior enterro de seu irmãos, Andy, a escritora transmitiu minunciosamente a dor de uma mãe ao perder o filho, através da ótica de um menino de apenas 6 anos que não sabe o motivo do irmão ter sido morto por um atirador. Perguntas que quaisquer crianças fariam, estão na cabeça de Zach: para onde o irmão foi? Ele ainda não acordou? O que é a morte?
“Quando ficamos solitários, é como se a gente ficasse invisível, como se as outras pessoas no mundo não vissem a gente, e olhassem através da gente”
Embora seja inocente, algo que eleva no garoto, é a empatia ao ver que seus pais conheciam Charlie, pai do menino atirador, que matou os colegas. A mãe de Zach está cega para qualquer outro assunto que não seja encontrar uma forma de fazer Charlie pagar pelo que seu filho fez.
A forma que ele relata a convicção da mãe em afirmar veementemente que a culpa é de Charlie, por não perceber que o filho tinha transtornos psicológicos, que era um perigo, por não descobrir o que ele pretendia fazer, faz com que seu ódio afeta Zach. Ele, por sinal, vê algo que sua mãe não consegue enxergar: o profundo pesar que Charlie sente, a dor dupla de perde um filho e de ver o que o filho fez; no que ele se transformou.
Além de todo esse transtorno que levou à morte do seu irmão, Andy, um dilema familiar e os conflitos em casa, preenchem a narrativa que se torna mais densa e, todo o apoio de Zach, se desfaz. Ele somente encontra força própria, visto que, seu núcleo familiar, sua base estrutural, está se desfazendo. Mais uma derrota para seus sentimentos.
“O menino que sobreviveu”, surpreende pela simplicidade na narrativa; pela dor através da visão de um garotinho sobrevivente a um atentado; pela forma como prende o leitor do início ao desfecho; pela intensidade da situação que Zach e sua família se encontra. Um livro que emociona e nos mostra o poder do perdão mesmo na maior das adversidades irremediáveis: a morte.
Sem dúvida, um livro que merece ser lido. Emocionante!
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“O menino que sobreviveu”, livro escrito por Rhiannon Navin, publicado pela Leya, está em promoção na Amazon:
Emocionante, sensível e poderoso, O menino que sobreviveu, de Rhiannon Navin, é um romance sobre a capacidade de nos colocarmos no lugar do outro.
Como em todas as quartas-feiras antes daquela, as crianças foram para a escola. Mas uma tragédia acontece. Zach, de seis anos, se esconde no armário, junto com os colegas e a professora, e tenta ficar calmo e não se deixar impressionar pelos barulhos que vêm do corredor.
O menino sobreviveu, mas ainda é muito novo para entender que a vida nunca mais será a mesma a partir daquele dia.
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É autor do livro Bodas de Papel publicado pela Editora Rouxinol, e a convite da Lura Editorial foi curador das antologias O Canto dos Contos e Contos de Natal. Neste ano de 2019, assumiu a organização da antologia O Canto dos Contos – primavera e a nova antologia Contos de Natal.