Mutações: sobre a coragem e outras virtudes: nos convida a repensar a teoria da coragem e a buscar novas formas de viver e agir no mundo
Em um contexto de declínio político e moral, a coletânea de ensaios Mutações: sobre a coragem e outras virtudes, organizada pelo jornalista Adauto Novaes, surge como um farol de reflexão e resistência. A obra, publicada pelas Edições Sesc SP, reúne 18 ensaios de intelectuais renomados que exploram a coragem como virtude essencial para enfrentar os desafios da contemporaneidade.
A obra se distancia da visão tradicional da coragem como bravura heroica, presente nas epopeias gregas. Em vez disso, os autores exploram a coragem como um imperativo moral, uma força que impulsiona a resistência contra a opressão, a busca pela verdade e a defesa da justiça.
Adauto Novaes, em seu ensaio de abertura, parte da constatação de Albert Camus de que o século XX foi o século do medo para refletir sobre a relação entre coragem, medo e verdade. Ele nos convida a questionar por que a política atual é dominada pelo medo e a coragem está em extinção, explorando as ideias de pensadores como Paul Valéry, Friedrich Nietzsche e Hannah Arendt.
Os demais ensaios aprofundam a discussão sobre a coragem, explorando suas diversas facetas e relações com temas como patriarcado, antirracismo, ideologia, política e democracia, apresentando diferentes perspectivas e recortes sobre o tema, enriquecendo o debate e convidando o leitor a uma reflexão profunda.
Inegavelmente, a obra não se limita a analisar a coragem como um conceito abstrato, mas a relaciona com os dilemas e desafios da nossa época. Os autores nos convidam a repensar a teoria da coragem e a buscar novas formas de resistência e transformação social.
Newton Bignotto relata em um ensaio sobre coragem e solidão:
“Na solidão urbana, no entanto, é difícil encontrar um sentido para uma coragem que não pode se expressar no vazio de uma existência vivida no anonimato. Sem a companhia dos deuses, o distante dos presentes na polis antiga, que enxergavam, a ação dos heróis, só resta o silêncio de quem nem mesmo pode almejar a morte num campo de batalha imaginário.”
O que mais me chamou a atenção em Mutações: sobre a coragem e outras virtudes foi a relevância do tema, aonde em um mundo marcado pela incerteza e pelo medo, a discussão sobre a coragem se torna ainda mais urgente e necessária. Bem como, a diversidade de perspectivas que neste sentido os ensaios apresentam diferentes abordagens e pontos de vista sobre a coragem, enriquecendo o debate e convidando o leitor a uma reflexão crítica.
Primordialmente a qualidade dos ensaios são escritos por intelectuais renomados, que apresentam análises profundas e rigorosas sobre o tema. Em outras palavras, a relação com a contemporaneidade em que a obra não se limita a discutir a coragem como um conceito abstrato, mas a relaciona com os desafios e dilemas da nossa época.
Em suma, Mutações: sobre a coragem e outras virtudes é uma obra essencial para quem busca compreender os desafios da nossa época e encontrar novas formas de resistência e transformação social; a repensar a teoria da coragem e a buscar novas formas de viver e agir no mundo.
LEIA TAMBÉM ESTA MATÉRIA:

Os 10 e-books grátis mais baixados no Kindle
Para contribuir na leitura, diversos escritores disponibilizaram e-books no confinamento. Confira a lista, dos 10 livros grátis mais baixados no Kindle durante o isolamento social.
Mutações: sobre a coragem e outras virtudes, está disponível na Amazon e nas principais livrarias do país.
Este novo volume da série Mutações traz uma coletânea de ensaios que explora a coragem como virtude essencial em um contexto de declínio político e moral.
Com contribuições de renomados intelectuais, a obra analisa a relação entre coragem, medo e verdade, e como esses elementos moldam nossas ações em tempos de crise.
Com uma abordagem filosófica, os autores discutem a coragem não apenas como bravura, mas como um imperativo moral para enfrentar as adversidades e redefinir o nosso entendimento de virtude na contemporaneidade.
Debate com Jorge Coli professor titular em História da Arte e da Cultura da Unicamp. Formou-se em História da Arte e da Cultura, Arqueologia e História do Cinema na Universidade de Provença. Doutor em Estética pela USP.
A coragem seria uma força positiva e seu oposto, a covardia seria negativa? Uma reflexão sobre o calor dessas duas pulsões.
O paradoxo: “não existe coragem sem medo”, desdobra-se em: “para ser corajoso é preciso ter medo”. Ou seja, para se ter coragem é preciso associá-la com a justiça, a sabedoria e a prudência.
A trajetória histórica da palavra medo aponta para vários papéis que aquele exerce, como, por exemplo, o sentido de “paixão civilizadora”, na figura do Estado e do exercício político. Assim, temos o medo como um dos indicadores civilizadores e a coragem passa a ser, então, uma qualidade superior, extrínseca ao homem.
Isso explica, como o medo serviu e serve para controlar a sociedade, como o Estado, passou a racionalizar o medo, de maneira pragmática, abolindo o tema coragem, com o passar do tempo, a tratando como algo delusório e irracional.
A observação preliminar contempla um dos pontos centrais da 33° edição do Ciclo Mutações: sobre a coragem e outras virtudes, uma realização do Sesc e da Artepensamento, com a curadoria e concepção do filósofo, jornalista e professor Adauto Novaes.
Assita no YouTube:
ANTES DE IR, NÃO DEIXE DE LER ESTA RESENHA:

Mentiras que contamos
Mentiras que Contamos, romance nostálgico LGBT, nos apresenta um encontro casual que desperta em Philippe memórias intensas de seu primeiro amor, Thomas.
DANIEL MORAES, escritor, editor, influencer, jornalista e assessor de imprensa e bookaholic assumido, criou o site Irmãos Livreiros onde mantem atualizado com as novidades do mercado editorial.
É autor do livro Bodas de Papel publicado pela Editora Rouxinol, e a convite da Lura Editorial foi curador das antologias O Canto dos Contos e Contos de Natal. Neste ano de 2019, assumiu a organização da antologia O Canto dos Contos – primavera e a nova antologia Contos de Natal.