Modernistas brasileiros em Paris nos anos loucos: um encontro decisivo com a Vanguarda
Modernistas brasileiros em Paris nos anos loucos, escrito por Marcia Camargos e publicado pela Edições Sesc SP, nos transporta para a vibrante Paris da década de 1920, epicentro das inovações artísticas e intelectuais que atraíam criadores de todo o mundo.
A princípio, a autora, especialista na Semana de Arte Moderna de 1922, explora a imersão de figuras icônicas como Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Victor Brecheret, Di Cavalcanti e Heitor Villa-Lobos no efervescente ambiente cultural parisiense, palco de encontros, exposições e a formação de círculos de sociabilidade entre artistas brasileiros e franceses.
Sobretud, Marcia Camargos revela como esse mergulho nas vanguardas europeias, desde os primeiros passos nas galerias até a consagração internacional, influenciou profundamente a arte brasileira, moldando o modernismo e redefinindo a identidade artística nacional em um diálogo cosmopolita e revolucionário.
Primordialmente, a obra detalha o fascínio que a Paris dos ‘anos loucos’ exercia sobre esses jovens artistas ávidos por novidades, descrevendo o cotidiano em Montparnasse, as visitas a ateliês e museus, e a intensa troca cultural que ali floresceu.
Ainda assim, Marcia Camargos nos apresenta detalhes inéditos e um panorama preciso desse período agitado. A autora contextualiza o intercâmbio, partindo da Semana de 1922 em São Paulo e traçando um panorama dos ‘anos loucos’, sucedâneos da Belle Époque, um período de crescimento, tecnologia e contestação social, onde Paris reinava como a nata dos artistas, à frente de seu tempo naquele período.
“O evento híbrido, com três noitadas de conferências, audições musicais, leitura de poemas e trechos de livros, além de uma exposição de artes aberta de segunda a sábado no saguão do Teatro Municipal, agitou o cenário cultural de São Paulo, com desdobramentos até os dias atuais. A importância do grupo de artistas então conhecidos sob a genérica denominação de ‘os novos’ – mas também apelidados de ‘futuristas’ é inegável. Outrora atacados com virulência, hoje eles têm suas obras altamente valorizadas, integrando os acervos de prestigiosos museus. Já as composições ali mostradas pela primeira vez à plateia, desacostumada aos acordes originais de um Villa-Lobos, transformaram-se em referência para as novas gerações de músicos, enquanto os versos sem rima e os textos fragmentados, sem enredo aparente, decretaram que a literatura nunca mais seria a mesma.”
Nesse sentido, a narrativa acompanha a trajetória de cada um dos modernistas, desde os que dependiam de bolsas e se dedicavam aos estudos em meio à boemia de Montparnasse, como Malfatti, Di Cavalcanti e Brecheret, até Tarsila e Oswald, com mais recursos para frequentar a alta sociedade artística parisiense.
Ainda assim, Marica Camargos explora as relações cruciais, como a de Oswald e Tarsila com o escritor Blaise Cendrars, que os guiou pelos círculos culturais da cidade, e a experiência transformadora de Villa-Lobos, inicialmente mal recebido na Semana de 22, mas que encontrou em Paris um ponto de inflexão em sua trajetória, influenciado por debates e encontros com figuras como Erik Satie e Jean Cocteau.
Sob o mesmo ponto de vista, ao descrever a redescoberta do Brasil pelos modernistas em contato com o cosmopolitismo parisiense, Camargos demonstra como a imersão nesse ambiente multicultural e arrojado os impulsionou a radicalizar suas propostas estéticas, valorizando o repertório nacional e, assim, revolucionando a arte brasileira.
Modernistas Brasileiros em Paris nos Anos Loucos é um mergulho fascinante e essencial para compreender as raízes e a efervescência de um movimento artístico que marcou para sempre a cultura da arte e da literatura do Brasil. Em síntese, marcou para sempre a cultura do país.
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Modernistas brasileiros em Paris nos anos loucos, está disponível na Amazon e nas principais livrarias do país.
Neste livro, a autora Marcia Camargos conduz o leitor à efervescente Paris dos anos 1920, descrevendo os encontros culturais, as visitas a exposições e ateliês e os bastidores dos círculos de sociabilidade que se estabeleceram entre grandes artistas brasileiros e franceses.
Ao explorar a trajetória de nomes como Tarsila do Amaral, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Victor Brecheret, entre outros, Camargos revela o ambiente artístico de Montparnasse, destaca o apreço nacional pelas vanguardas europeias e traça uma visão envolvente das influências e dos desafios que moldaram o modernismo brasileiro e redefiniram a arte nacional.
Novo livro de Marcia Camargos sobre os modernistas em Paris nos anos 1920 aborda os artistas que passaram pela cidade nessa década, seja de forma esporádica ou por longos períodos, e que participaram da Semana de Arte Moderna de 1922: Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Villa-Lobos, Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral, Vicente do Rego Monteiro e Victor Brecheret.
Fruto das pesquisas de seu segundo pós-doutorado na Sorbonne, Marcia Camargos é escritora e jornalista, com 35 livros publicados, entre ensaios, biografias, romances e obras infantojuvenis. Alguns de seus títulos receberam prêmios literários como o Jabuti, Livro do Ano, APCA e FNLIJ.
Assista à entrevista de Mazé Torquato Chotil em que entrevista a autora Marcia Camargos sobre seu livro Modernistas Brasileiros em Paris nos anos loucos no YouTube:

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DANIEL MORAES, escritor, editor, influencer, jornalista e assessor de imprensa e bookaholic assumido, criou o site Irmãos Livreiros onde mantem atualizado com as novidades do mercado editorial.
É autor do livro Bodas de Papel publicado pela Editora Rouxinol, e a convite da Lura Editorial foi curador das antologias O Canto dos Contos e Contos de Natal. Neste ano de 2019, assumiu a organização da antologia O Canto dos Contos – primavera e a nova antologia Contos de Natal.