Kabuki: um mergulho de forma poética no folclore e nas artes cênicas tradicionais do Japão.

Em Kabuki, Guilherme Petreca e Tiago Minamisawa, apresenta uma graphic novel que é, ao mesmo tempo, uma obra de arte visual e um profundo mergulho filosófico na alma humana. Publicada pela Editora Pipoca e Nanquim, a HQ se inspira no universo poético do teatro japonês para tecer uma bela e sensível história sobre preconceito e aceitação.

A narrativa se estrutura de forma engenhosa em quatro atos, representados pelas quatro estações do ano, cada uma simbolizando um estágio na jornada interior da protagonista. Kabuki, uma personagem dividida por sua própria identidade e pelo peso da tradição, busca se libertar das máscaras que a sociedade e o medo impuseram. Nessa perigosa jornada interna, ela se depara com figuras mitológicas como pássaros lendários e dragões, que atuam como aliados e adversários.

 

Kabuki

A construção simbólica baseada nos ciclos da natureza é a grande força da obra.

O verão, como o auge da intensidade e do ego, representa a luta de Kabuki contra os ecos de sua vida violenta e a ilusão de controle. No outono, a narrativa se aprofunda com a queda das máscaras, e a linguagem visual se torna mais solta, refletindo a desorganização do ego de Kabuki, que mergulha em um questionamento existencial.

O inverno é a fase mais difícil: o tempo do silêncio, da introspecção e da aparente morte, onde a protagonista se encontra em um estado de quase-anonimato. A primavera, por fim, não é um final feliz, mas um renascimento consciente, onde a protagonista ressurge com uma nova compreensão de si, abraçando a liberdade de se refazer a cada dia.

Kabuki

Gostei deste livro por sua capacidade de fundir forma e conteúdo de maneira magistral. A arte combina pintura e design gráfico, transforma a graphic novel em uma experiência sensorial. Kabuki não é apenas lido, é sentido. Cada página é um estado de espírito, uma reverberação visual de emoções indizíveis.

É uma obra que explora o que significa ser humano em sua integralidade: contraditório, ferido, resiliente e profundamente sensível. É uma HQ que se percorre como quem caminha por um jardim zen, reorganizando as pedras da própria alma.

Kabuki

Kabuki é indicado para amantes de graphic novels, pois, oferece uma experiência artística e narrativa fora do convencional, bem como, para leitores que apreciam temas filosóficos e existenciais: É uma reflexão profunda sobre identidade, dor, superação e liberdade, ou seja, a HQ convida à contemplação e à autoanálise, sendo uma pausa necessária em tempos de ruído.

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Kabuki, está disponível na Amazon e nas principais livrarias do país.

Kabuki

A história se divide em quatro atos, representados pelas quatro estações. Habitante de um universo fluido de magia e sonhos,

Kabuki é uma personagem dividida por sua própria identidade. De um lado, a ânsia por se tornar aquilo que sempre foi, de outro, o medo imposto pelo peso da tradição e das incertezas, gerando a necessidade de se esconder atrás de tantas máscaras. Em sua busca por si mesma, ela se depara com figuras mitológicas: um pássaro lendário, um dragão feroz e diversos youkais, aliados ou adversários dessa perigosa jornada interna.

Depois da aclamada parceria em Shamisen: Canções do Mundo Flutuante, indicada ao Prêmio Jabuti e laureada no CCXP Awards, o quadrinista Guilherme Petreca (Ogiva) e o diretor e roteirista de animação Tiago Minamisawa voltam a explorar elementos folclóricos da cultura japonesa. Desta vez, os dois evocam as artes cênicas tradicionais japonesas marcadas pela dança, pelo canto, pelas máscaras e bonecos.

Kabuki narra de forma poética os aprendizados e transformações de vida da personagem trans Kabuki. Inspirado nas muitas histórias reais de pessoas trans exterminadas todos os dias pela intolerância, o filme acompanha a busca de Kabuki por autoaceitação e identidade frente a um mundo violento e machista.

Presa em um corpo físico masculino, Kabuki carrega o peso de uma imagem que não a representa. Se enxerga mulher e ao se libertar das amarras que a impedem de ser plena desperta o ódio social. Após fundir seu corpo e sua Alma, Kabuki será vítima da intolerância, mas sua rematerialização, reflorestando o mundo devastado pelo fogo do ódio, representará existência e resiliência, emitindo a mensagem do amor e do perdão para toda a humanidade.

Assista no canal do Thiago Minamisawa no YouTube:

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Escritor, editor, jornalista, comunicólogo e bookaholic assumido, criou do portal Irmãos Livreiros onde mantém atualizado com as novidades do mercado editorial.

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