“Faminta” livro autobiográfico escrito por Tatiana Cavalcante, publicado pela Editora Patuá, apresenta a vida de uma que carrega o terror da culpa para se padronizar o corpo em meio às críticas e julgamentos, aliado ao Transtorno Alimentar.
Narrado em primeira pessoa, a autora, que não utiliza seu nome, porém, é palatável que a conhecemos através de sua escrita.
Uma pessoa normal, como qualquer outra que cruze seu caminho, ou que você encontra todos os dias no elevador do condomínio. Na feira de domingo ou na saída da igreja, assim é nossa protagonista, que leva uma vida normal, exceto pelo trauma vivido por muito tempo com a culpa do transtorno alimentar.
E o pior de tudo, a culpa por viver desta forma.
Desde muito cedo viveu presa aos preconceitos de estar fora dos padrões padronizados pela sociedade. Se estava com quilos a mais, era cobrada pelo excesso. Caso contrário, era magérrima e consequentemente cobrada por tal.
Um quote define sua insatisfação:
“Já fazia alguns meses que eu não conseguia mais dormir, assistir televisão, ler um livro, estudar, escrever, nada, só pensava em emagrecer. As vinte e quatro horas do meu dia eram dedicadas a pesquisar dietas, métodos purgativos, exercícios com maior potencial de queima calórica, etc. Com o tempo, inclusive, eu nem pensava mais forçar o vômito, tornou-se algo automático após toda e qualquer refeição.”
A iniciativa em escrever esse livro, se dá por conta da forma como a autora se libertou do Transtorno Alimentar. Assim iguais a ela, outras pessoas neste momento estão sofrendo com o transtorno. E, ler esse livro pode ser a porta para a liberdade que tanto necessitam.
Inegavelmente, não é uma tarefa fácil e muitos desistirão logo no início, porém, na segunda parte do livro, a autora relata sua superação e tudo que ela fez para sentir feliz, após superar o Transtorno Alimentar.
“Não encontrei uma fórmula mágica, mas tenho o desejo de seguir melhorando. Também fico de olho para esse mesmo desejo não se tornar um fardo e me jogar dentro daquele circuito do ‘sobre, desce, engorda, cai, emagrece, levanta’”
“Faminta” é um livro que emociona a cada página e, mesmo sendo um transtorno vivido pela autora, é impossível deixar de ler. A cada página, uma surpresa que enche de orgulho ao ver a superação. Vale muito a leitura.
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Quando a vilã é a própria mente, as batalhas internas parecem infindáveis e você se torna soldado de si mesmo, rendido por seus próprios fantasmas. Um transtorno ultrapassa qualquer razão, qualquer limite. É navegar num mar de neuras e se afogar em culpas ácidas. É sentir-se estranho morando dentro do próprio corpo. É parasitar pela vida, ansiando por aprovação, enquanto o mundo parece ter olhos apenas para os padrões “ideais”. É querer muito (muito mesmo!) pedalar ruas afora, mas só ter medo de cair. Talvez por isso que o TA seja uma das realidades mais secretas sobre si mesmo. Às vezes tão bem escondida que quase se esquece onde está guardada.
Mas ele, o TA, não esquece não. Sorrateiro, nem liga para rosto, sobrenome, cargo ou conta bancária, apenas segue deixando suas marcas… em corpos, mentes, almas, histórias, em muitas histórias.
FAMINTA é um romance visceral que desafia e conforta. É um resgate inquietante de memórias que embrulham o estômago. Faz sorrir em meio às lágrimas. Traz verdades nebulosas e libertadoras. É sobre a fome insaciável, a ferida que não cicatriza. É sobre quebrar julgamentos e preconceitos e despadronizar corpos. É sobre aquietar a mente e descansar para recomeçar, uma e tantas vezes mais quanto forem necessárias. É sobre um dia de cada vez… Uma neura a menos, um pulsar a mais.
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DANIEL MORAES, escritor, editor, influencer, jornalista e assessor de imprensa e bookaholic assumido, criou o site Irmãos Livreiros onde mantem atualizado com as novidades do mercado editorial.
É autor do livro Bodas de Papel publicado pela Editora Rouxinol, e a convite da Lura Editorial foi curador das antologias O Canto dos Contos e Contos de Natal. Neste ano de 2019, assumiu a organização da antologia O Canto dos Contos – primavera e a nova antologia Contos de Natal.