Incrível como um livro que começou a ser escrito em 1947, e somente lançado em 1953, levaria uma legião de fãs em 2018 a se encantar com a narrativa tão bem construída em uma época que distopia ainda era um gênero desconhecido. Surgia aí o novo gênero de escrita, criado pelo brilhante escritor, Ray Baradbury.
Mesmo sendo um livro curto e sucinto, a reflexão por ele passada nesta obra, é especial e tem um significado inigualável! Valer a pena ler, pois irá mexer com o leitor.
Em “Fahrenheint 451” somos apresentados ao bombeiro Montag, que vive em uma era futura – para nós passado –, em que nossas casas não propagam fogo. E sua função é simplesmente, queimar livros. Sim: queimar todo e qualquer tipo de conhecimento existente pelo homem, uma vez que aqueles que os leem, são considerados superiores aos grandes líderes. E isso iria afetar a atual sociedade em que viviam.
Em um estilo um tanto quanto similar ao seriado britânico Black Mirrow, as paredes das casas em que vivem, são telas de televisão onde os programas exibidos, novelas e comerciais, debatem com os telespectadores, ou seja, uma cena desenrola a partir do momento que o telespectador fica preso naquilo que está sendo exibido.
Na boa? Senti uma crítica fodida sobre a nossa atual sociedade e o consumo exacerbado de pessoas que não desgrudam dos seus Smartphones.
Montag por sua vez, segue as ordens que lhe foi determinada, sem questiona-las, até o dia que conhece a hippie Clarisse, sua vizinha que lhe deixa com dúvidas cruéis em sua cabeça: “Porque os livros são queimados? O que existe de útil nas imagens e diálogos na parede? O que existe de real nesta vida que eles vivem?”
Tais questionamentos, deixa Montag com a pulga atrás da orelha e ele se pergunta, por que realmente a sociedade é treinada á ficar vidrada em televisores a maior parte do tempo e, conteúdo tais como livros não podem ser lidos; consumidos. Isso desperta o interesse em pegar e esconder um livro para si. E ao ler um trecho do livro uma das frases mais incríveis que li nesta obra clássica, deixo a seguir:
“ Conserva sempre o espanto nos olhos. Vive como se fosses morrer dentro de dez segundos. Olha o mundo. Ele é mil vezes mais extraordinário que todos os sonhos que se podem fabricar em série nas fábricas. Nem propaganda, nem garantias, nem segurança, nunca um animal com esse nome existiu. E, se tivesse existido, seria parente desse preguiçoso que fica pendurado de um ramo todo o dia, de cabeça para baixo, e consagra toda a sua vida a dormir. Ao diabo, sacode-me essa árvore e faz com que esse preguiçoso bata com o rabo no chão!”
Eu juro que me arrepiei ao ler esse trecho e vi como a sociedade está deixando esse hábito de leitura, trocando por mais tempo em aplicativos de celulares e séries em Streaming, tais como Netflix, Amaxon Prime, Globo Play e outros “ladrões de tempo” , bem como Facebook e WhatsApp que muitas das vezes nos prendem a atenção e não nos leva a lugar algum.
Esse livro veio para ficar na memória de muita gente e, espero que sirva de lição, principalmente para aqueles que se dedicam discutir conteúdo de qualidade, mesmo que uma pitada política esteja embutida sutilmente nas frases desta obra.
Agradeço a Ale Dossena, do blog e canal no YouTube “Portão Literário”, que me presenteou com este livro que levarei a história de Ray Bradbury até os últimos dias de minha vida! Realmente um livro para pensar e refletir. Super indico!
Canal Portão Literário
SINOPSE
Imagine uma época em que os livros configurem uma ameaça ao sistema, uma sociedade onde eles são proibidos. Para exterminá-los, basta chamar os bombeiros – profissionais que outrora se dedicavam à extinção de incêndios, mas que agora são os responsáveis pela manutenção da ordem, queimando publicações e impedindo que o conhecimento se dissemine como praga. Para coroar a alienação em que vive essa nova sociedade, as casas são dotadas de televisores que ocupam paredes inteiras de cômodos, e exibem “famílias” com as quais se pode dialogar, como se estas fossem de fatos reais.
Este é o cenário em que vive Guy Montag, bombeiro que atravessa séria crise ideológica. Sua esposa passa o dia entretida com seus “parentes televisivos”, enquanto ele trabalha arduamente. Sua vida vazia é transformada quando ele conhece a vizinha Clarisse, uma adolescente que reflete sobre o mundo à sua volta e que o instiga a fazer o mesmo. O sumiço misterioso de Clarisse leva Montag a se rebelar contra a política estabelecida, e ele passa a esconder livros em sua própria casa. Denunciado por sua ousadia, é obrigado a mudar de tática e a buscar aliados na luta pela preservação do pensamento e da memória.
Um clássico de Ray Bradbury, “Fahrenheit 451” é não só uma crítica à repressão política mas também à superficialidade da era da imagem, sintomática do século XX e que ainda parece não esmorecer.
Promoção na Amazon
Para nossa alegria, a HBO fará a adaptação cinematográfica do livro e já encontrei o trailer. Confira:
DANIEL MORAES, escritor, editor, influencer, jornalista e assessor de imprensa e bookaholic assumido, criou o site Irmãos Livreiros onde mantem atualizado com as novidades do mercado editorial.
É autor do livro Bodas de Papel publicado pela Editora Rouxinol, e a convite da Lura Editorial foi curador das antologias O Canto dos Contos e Contos de Natal. Neste ano de 2019, assumiu a organização da antologia O Canto dos Contos – primavera e a nova antologia Contos de Natal.