Cadafalso, é um romance que traz como pano de fundo a Polônia dos anos 1930, país desolado que lentamente tenta se reconstruir após a guerra, de onde Malka e Eva, judias ortodoxas, partem para recomeçar suas vidas no país onde o sol brilha mais alto, nosso Brasil varonil. Em nossas terras, elas chegam em meio ao caos causados pela violenta repressão oficial a cargo de Filinto Müller, chefe da polícia política do presidente ditador, Getúlio Vargas, cuja perseguição implacável sob seus opositores, em especial – com uma obsessão incomum, como se verá nesta história – os comunistas Luís Carlos Prestes e sua companheira Olga Benario.

Ambas, Malka e Eva desembarcam na cidade do Rio de Janeiro como prisioneiras da Zwi Migdal, organização criminosa ligada à comunidade judaica do Leste Europeu que explorava uma rede internacional de prostituição. E desde então, suas vidas são acometidas de histórias impregnadas de preconceito, violência, perseguição, medo e corrupção, que desemboca no título deste romance: Cadafalso.

Em toda a trajetória, o autor sempre manteve os comunistas Luís Carlos Prestes e sua companheira Olga Benario. em constante perseguição, e mesmo, sendo encurralados pelo chefe da polícia, Filinto, sempre se viu em vantagens pelos companheiros em diversos locais, que o apoiavam em sua militância pelo país.

Nesta obra, a construção do Cadafalso, Elisabetsky, se atentou em descrever as histórias e os nomes dos envolvidos na obra que foram destaque em sua época, tais como a belíssima, porém sofrida, Malka Libowitz, a jovem sobrevivente Eva Blum, o ítalo-brasileiro Vicente Volpato em seus ternos de fino corte, Teobaldo Simões e sua natureza beligerante, o Tonho, da Lapa, do Mangue e da Praça Mauá́, Filinto Müller, chefe da polícia de Getúlio Vargas, Olga Benario e Luís Carlos Prestes, o trompete de Louis Armstrong, fontes de encontros e embates desses tempos em que certezas, crenças e ideologias se encarregam de desvelar aspectos humanos que talvez preferíssemos manter à distância da luz.

Em suma, Cadafalso nos envolve por sua narrativa rebusta e intensa; nela, o escritor, Roberto Elisabetsky, nos mostra com realismo os acontecimentos na vida dos personagens nas mais diversas nuances, e a forma como a ficção se mistura com a dura realidade de quem deixa seu país de origem em plena guerra, e tenta uma vida medíocre em uma nação em outro extremo do globo, provando até onde o ser humano tem capacidade de superar os desafios propostos pela vida. Nem que este desafio seja para desafiar a própria existência.

Sobre o autor Roberto Elisabetsky nasceu em São Paulo, em 1953. Deixou para trás a carreira de engenheiro para estudar cinema na Inglaterra. Trabalhou com produção cinematográfica em Nova York, onde concluiu o mestrado em Artes da Comunicação no NY Institute of Technology. Foi professor do curso de Rádio e TV da ECA-USP. É dramaturgo, roteirista, tradutor e versionista para cinema, TV e teatro musical. Como escritor, publicou o romance Take 2 pela Editora Paulicéia e, pela Terceiro Nome, a coletânea de contos A última coisa e o romance Cadafalso. Integra o Clube das Três, grupo dedicado à análise e produção literária e à promoção de encontros com autores, editores e críticos de literatura.

SINOPSE

Ambientado nos anos 1930, Cadafalso acompanha o percurso de duas judias ortodoxas, Malka e Eva, que partem da Polônia para o Brasil em busca de uma nova vida e se deparam com um período turbulento de repressão policial e perseguição política praticados pelo governo de Getúlio Vargas. A estrutura do romance – o primeiro do roteirista e escritor Roberto Elisabetsky – mescla figuras e eventos reais da história a personagens ficcionais.

O tempo histórico retratado – a década de 1930 – inclui a revolução que levou Getúlio Vargas ao poder, a Revolução Constitucionalista e a tentativa do levante comunista no Brasil planejado pela União Soviética. Nesse contexto, figuras públicas, como Olga Benário e Luis Carlos Prestes, passam pela obra.

 

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