Anos de Chumbo: o teatro brasileiro na cena de 1968, publicado pelas Edições Sesc São Paulo e escrito pelo Jornalista, comunicador social e editor de livros, A. P. Quartim de Moraes, que trabalhou, sucessivamente, no Estadão, na revista Visão e no Governo do Estado de São Paulo, apresenta na obra, um amplo panorama da cena teatral brasileira no período da ditadura militar.

Quartim ainda foi secretário de Imprensa do governador Franco Montoro; coordenador de Comunicação Social da antiga Nossa Caixa-Nosso Banco – onde criou o projeto Teatral “Arte em Cena”; gerente de Comunicação Social da Fundação Memorial da América Latina; e assessor de Comunicação Social da Secretaria da Cultura do Estado, na gestão de Ricardo Ohtake. Em 1995 planejou, implantou e dirigiu, por sete anos, a Editora Senac-SP. Depois criou sua própria editora, a Códex/Conex, e foi editor associado das casas Ediouro e Global. De volta ao jornalismo, foi articulista e editorialista do Estadão de 2009 a 2017.

O intuito do livro foi  mostrar aos leitores as dificuldades que enfrentavam através da cena teatral brasileira em uma complicada época para os amantes da arte, bem como para a população brasileira: o AI5, ou seja, o início da ditadura militar e a oficialização do Ato Institucional nº 5, que foi decretado pelo general Arthur da Costa e Silva, no dia 13/12/1968, conforme trecho mencionando a seguir:

 

13/12 – O governo militar decreta o Ato Institucional nº 5 (AI-5), que escancara o regime ditatorial com o fechamento do Congresso Nacional, a imposição de recesso aos tribunais e a suspensão do habeas corpus. A ditadura se institucionaliza.

Embora o teatro brasileiro, fervilhava com suas apresentações em grande volume principalmente na cidade de São Paulo e Rio de Janeiro que tinha como nome de peso os consagrados artistas Cacilda Becker, José Celso Martinez Corrêa, Plínio Marcos, Ruth Escobar entre outros, o ato (AI-5) veio para desestabilizar o cenário artístico nacional.  Naquele momento, o teatro pregava a liberdade de expressão em suas peças e a contragosto dos governantes que não entraram com retaliação, os artistas da época contemporânea, desafiavam as ações dos militares e lutavam pela sobrevivência da vida teatral, bem como a própria vida, como demonstra um trecho do livro a seguir:

 

“Junho de 1968 marcou o auge e, a partir daí, o arrefecimento da mobilização estudantil-popular contra a ditadura militar, principalmente no Rio de Janeiro. Junho também marcou também, depois da ruidosa reação da classe teatral à censura de ‘Um bonde chamado desejo’ e mais dois espetáculos, a explosão dos episódios mais relevantes, e daí para gente seus desdobramentos no processo de resistência democrática. Processo que acabou sofrendo um golpe fatal em dezembro, com a decretação do famigerado AI-5”.

Para que possam compreender a obram esta foi dividida em três atos que são eles:

 

  1. “Assim foi, se não duvidas”
    Este primeiro ato nos apresenta a era teatral antes de 1968 e a participação efetiva dos artistas em um cenário que exprimia a liberdade de expressão.
  2.  “Muito barulho por tudo”
    Já neste segundo anto, o autor nos apresenta as principais peças teatrais e suas respectivas companhias, no qual traz destaque para o Teatro Arena, , entre as quais destacam-se O rei da vela, do Oficina, e a 1ª Feira Paulista de Opinião, do Arena;
  3. “Vestidos de farda”
    E por último, o terceiro ato que explicitamente nos apresenta a ordem cronológica dos eventos e discussões políticas sociais, as peças que foram apresentadas ao público em os 1968, mesmo que desafiando a armada governamental e os debates sobre essa época.

 

Anos de Chumbo: o teatro brasileiro na cena de 1968, numa visão panorâmica, amarra os fatos ocorridos na época e a participação constante dos artistas e profissionais que persistiam em manter a vida do teatro brasileiro em contínua participação efetiva, sobretudo em um período onde a violência contra estes artistas, aumentava gradativamente nos dois estados: São Paulo e Rio de Janeiro, palco dos principais teatros da época.

SINOPSE:

Pouco antes do Ato Institucional n. 5, a cena teatral brasileira fervilhava com atores e produtores que fincaram as bases do teatro contemporâneo: Ruth Escobar, José Celso Martinez, Augusto Boal e Antunes Filho, entre outros, desafiavam o status quo e resistiam nesse momento histórico desfavorável para a arte e a liberdade de expressão.

O jornalista Alberto P. Quartim de Moraes faz um panorama sobre os diversos grupos e movimentos que enfrentaram com garra e coragem o recrudescimento da violência instituída pelo Estado brasileiro em 1968.

Veja o vídeo em que falo sobre a experiência incrível em ler Anos de Chumbo: o teatro brasileiro na cena de 1968, publicado pela Edições Sesc SP.
Um livro essencial para todos que procuram um ponto de partida para se aprofundar na história da ditadura do país, através da cena teatral de 1968. Um livro indispensável!

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Falei sem pensar

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Daniel Moraes

Daniel Moraes

Fundador do Portal Irmãos Livreiros

Escritor, editor, jornalista, comunicólogo e bookaholic assumido, criou do portal Irmãos Livreiros onde mantém atualizado com as novidades do mercado editorial.