“Aprender a falar com as plantas”, livro da escritora Catalã, Marta Orriols, publicado pela Editora Dublinense, apresenta uma narrativa sensível e delicada sobre o processo de aceitação do luto e a traição.
De um lado, Mauro, o marido que completa sua vida. Do outro, o mesmo marido que mantinha uma relação extraconjugal. No entanto, Paula, a protagonista do livro, tem conhecimento da traição, três horas antes do seu esposo ser atropelado e morto.
Seu mundo ruiu ali.
Ter que lidar com a dor da morte do homem que ela amava como jamais amou com tamanha intensidade e, no mesmo cenário, ter que absorver o temor da traição, foi uma dura realidade que Paula necessitou lidar em único momento sem que pudesse se defender.
Todavia, Paula vivencia todas essas experiências e se volta para si, numa tentativa de se entender para continuar seguindo sua vida, encontrar forças para seguir após a ruptura brusca que sofreu.
É perceptível que a obra está focada apenas no que foi perdido. E nesta perspectiva, o livro causa desconforto, desassossego, incomoda. Porém, propositalmente para que os leitores possam sentir o que a protagonista sente ao ler a escrita de Marta Orriols.
“Aprender a falar com as plantas” é intercalado entre longos capítulos onde Paula, jovem aos 43 anos, conversa consigo mesma, que através da ótica da escritora catalã, dialoga, e muito, conosco, os leitores. Em outros breves capítulos desenvolve diálogo unilateral com o companheiro morto, sendo esses interlúdios, as partes mais tocantes da narrativa, ao dizer do afeto e do cotidiano compartilhado, além de suas lembranças de quando se amavam e se entregam mutualmente. São lembranças que jamais se apagarão de sua vida.
Assim, Paula conversa com Mauro como ele conversava com as plantas que, então, ficaram sob responsabilidade dela, sem que ela soubesse como fazê-lo:
“Foram morrendo todas as plantas. Como você fazia, Mauro? Regá-las não deve ser o bastante. Você falava com elas. Não fazia isso abertamente, nunca na frente dos outros. Você dizia que falar com as plantas era um ato íntimo e transformador, um ato de fé para aqueles que não acreditam em milagres”.
“Aprender a falar com as plantas” é uma obra que emociona pela força das imagens construídas por Marta Orriols, bem como pela jornada, um tanto quanto exaustiva, da protagonista, que busca redescobrir aquele que amou e, sobretudo, reencontrar e reconstruir a própria essência, já perdida após os acontecimentos que deram origem à obra catalã.
É um livro belíssimo, triste e singelo, porém, belo.
Recomento a leitura!
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“Aprender a falar com as plantas”, está disponível na Amazon, no site da TAG Livros e nas principais livrarias e e-commerces do país.
Paula é uma médica neonatologista, imersa no trabalho, que leva a vida sem muitos sobressaltos. Até o dia em que perde o companheiro num acidente de trânsito algumas horas depois de receber a notícia de que ele tinha outra mulher.
Então Paula precisa lidar com o luto dobrado, a dor da traição e o rancor, tudo isso num apartamento repleto das plantas deixadas por ele. E o rastro de uma mulher vista no hospital é o último laço com um homem que passou quinze anos ao seu lado e deixou de existir de forma súbita e bruta.
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A escritora catalã Marta Orriols fala sobre a criação do seu livro Aprender a Falar com as Plantas, no programa “Horas Extraordinárias” da RTP 3, em Portugal.
Assista à entrevista no canal no YouTube:
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DANIEL MORAES, escritor, editor, influencer, jornalista e assessor de imprensa e bookaholic assumido, criou o site Irmãos Livreiros onde mantem atualizado com as novidades do mercado editorial.
É autor do livro Bodas de Papel publicado pela Editora Rouxinol, e a convite da Lura Editorial foi curador das antologias O Canto dos Contos e Contos de Natal. Neste ano de 2019, assumiu a organização da antologia O Canto dos Contos – primavera e a nova antologia Contos de Natal.