O rio que me corta por dentro: um romance que permanece como um eco, lembrando que todos carregamos rios internos em movimento
O rio que me corta por dentro, escrito por Raul Damasceno, nos presenteia com uma obra literária que explora as entranhas da saudade, do amor e da busca por pertencimento, ambientada no sertão cearense.
Publicado pela Astral Cultural, o livro acompanha a vida de Cícero, um garoto criado pelos avós em Carrasco, um lugarzinho perdido onde a infância é marcada pela espera da mãe, Aneci. Trabalhando como empregada doméstica na capital, Aneci retorna apenas uma vez por ano, sempre em dezembro.
Cícero aprisiona a saudade e cultiva o sonho de ir, seja para encontrar a mãe ou, um dia, ir embora com ela. Essa espera, antes esperança, vira um dilúvio de sentimentos do protagonista que guia seus anseios – entre eles, conhecer o mar, promessa compartilhada com seu amigo Luzimar.
É apenas ao lado de Luzimar, vizinho e confidente, que a dor se aquieta, em dois pares de pernas que correm Carrasco de ponta a ponta e desembocam na beira daquele rio que tudo leva, menos a saudade. Essa fica represada, à espera do próximo ano.
A trama transita com sensibilidade entre a inocência da infância e as inquietações da juventude, desvendando laços complexos com familiares. Luzimar, porém, emerge como peça central: é mais que um amigo, um espelho para Cícero, alguém com quem divide suas dores mais íntimas. A amizade entre os protagonistas, construída com nuances e gestos mínimos, culmina em cenas de rara sensibilidade.
“Um era a correnteza do outro neste rio profundo em que o pé nunca alcançava o chão.”
Por analogia, o rio é a metáfora poderosa, ele não apenas corta o sertão, mas também corta os personagens, Cícero e Luzimar, expondo suas dores, esperanças, dores e paixões reprimidas. E a cada ação dos personagens, vai de encontro com o rio, o maior dos protagonistas.
“O rio que lhe pedia calma. Que lhe chamava para mais perto. O rio que já não lhe cobria até o pescoço. Que já não era o da infância. Que aos poucos sumia, corria para o fim.”
Definitivamente, este livro é indicado para leitores interessados em histórias que abordam a complexidade das relações familiares e de amizade, e para quem aprecia narrativas ambientadas no sertão nordestino e sua rica cultura, do mesmo modo, para leitores em busca de reflexões sobre identidade, ausência e superação.
Em suma, O rio que me corta por dentro é um romance tocante e profundo, que mergulha nas águas da saudade e da descoberta, revelando as cicatrizes e as esperanças de personagens inesquecíveis em um sertão que também pulsa vida. Uma leitura que fica na alma.
LEIA TAMBÉM ESTA MATÉRIA:

Vendas on-line de livros aumentam durante a pandemia
Vendas on-line de livros aumentam durante a pandemia. Vendas on-line de livros aumentam durante a pandemia. No Brasil, o crescimento foi de 52%, nos primeiros 5 meses, em comparação com 2019.
O rio que me corta por dentro, está disponível na Amazon e nas principais livrarias do país.
“Nova promessa da literatura nacional, Raul tece com originalidade a história de amor proibido entre dois meninos às margens de um rio. Um mergulho na complexidade das emoções, arrastando o leitor pelas correntezas da alma.”
Paulo Ratz, criador de conteúdo literário
Em Carrasco, lugarzinho perdido no sertão cearense, Cícero passa a infância à espera. A mãe, Aneci, trabalha como empregada doméstica na capital e volta apenas uma vez por ano, sempre em dezembro, para a terra que tanto a machucou e para o filho. E são nesses poucos dias que o garoto deságua em amor.
No restante do ano, Cícero aprisiona a saudade. E cultiva o sonho de ir. Ir embora com a mãe. Ir embora encontrar a mãe.
É só ao lado de Luzimar, vizinho e amigo, que a dor aquieta. Dois pares de pernas que correm Carrasco de ponta a ponta e desembocam na beira daquele rio que tudo leva, menos a saudade. Essa fica represada, à espera do próximo ano-novo.
Até que Aneci deixa de voltar.
Enquanto a espera se prolonga após dezembros de ausência, Cícero e Luzimar se descobrem homens ao se encontrarem um no outro. Mas ser homem nestas terras ― e nestas águas ― também significa saber escolher bem suas armas…
E a correnteza desse rio ainda tem muito passado para contar.
Assista ao Paulo Ratz, do canal Livraria em Casa, falado sobre o livro O rio que me corta por dentro, escrito por Raul Damasceno, publicado pela Astral Cultural, no YouTube:
DANIEL MORAES, escritor, editor, influencer, jornalista e assessor de imprensa e bookaholic assumido, criou o site Irmãos Livreiros onde mantem atualizado com as novidades do mercado editorial.
É autor do livro Bodas de Papel publicado pela Editora Rouxinol, e a convite da Lura Editorial foi curador das antologias O Canto dos Contos e Contos de Natal. Neste ano de 2019, assumiu a organização da antologia O Canto dos Contos – primavera e a nova antologia Contos de Natal.